Muita gente não sabe mas o Solar do Barão do Guajará – edificação histórica emblemática onde residiu Domingos Antonio Rayol, autor de “Motins Políticos”, obra seminal sobre a Cabanagem – e sede do Instituto Histórico e Geográfico do Pará – guarda, até hoje, acervo precioso da época colonial, composto por móveis, porcelanas e obras de arte, além de livros raros. Fundado em 3 de maio de 1900, o IHGP-PA impulsiona o estudo e a difusão dos conhecimentos da História e da Geografia, em todos os seus ramos e aplicações à vida social, política e econômica, em especial no que se refere ao Brasil e, particularmente, à Amazônia. O Silogeu fica na Rua do Aveiro, nº 62, ao lado do Palácio da Cabanagem, sede da Assembleia Legislativa, na Cidade Velha, em frente à Praça Dom Pedro II, cujo entorno foi cenário dos sangrentos combates na mais importante insurreição popular da história do Pará. Ontem, 24, o presidente da Alepa, deputado Chicão, acompanhado pela deputada Professora Nilse Pinheiro, primeira-secretária da Alepa e procuradora-geral da Mulher, visitou o IHGP-PA e conversou com a presidente do Instituto, Anaíza Vergolino, que explanou sobre o seu funcionamento e a necessidade de ajuda para manter o valioso acervo.
Aos 121 anos e plenamente adaptado à modernidade digital, o Instituto não paralisou as atividades mesmo durante a pandemia e de forma virtual continua a realizar reuniões, sessões memoriais, conferências e solenidades públicas com foco na História, Geografia e Antropologia, e, ainda, instiga o interesse pelas explorações geográficas e investigações históricas, arqueológicas e etnográficas; conserva e classifica documentos, livros, estudos, estampas, plantas, mapas, cartas e objetos relativos a esses ramos científicos, todos disponíveis para consulta em sua biblioteca, arquivo e museu.
Criada pelo IHGP-PA com a finalidade de adotar as providências cabíveis em defesa do acervo histórico-cultural, a Comissão Especial de Defesa do Patrimônio Histórico de Belém tem estimulado a reflexão sobre esses bens culturais e a atuação institucional dos órgãos responsáveis pelas políticas públicas de preservação. Quatro integrantes da Comissão são também membros da Academia Paraense de Jornalismo, os jornalistas e advogados Sebastião Godinho, Walbert Monteiro, Célio Simões e Franssinete Florenzano, a presidente da APJ, que acompanhou o presidente da Alepa na visita.
O deputado Chicão ficou impressionado com o trabalho do IHGP-PA e os cuidados para a salvaguarda do acervo, como, por exemplo, o Livro de Atas do Senado da Câmara de Belém, raridade com documentos de 1797 a 1807, em caixa de papel micro-ondulado de qualidade arquivística (foto), fundamental para acondicionamento, e já agendou nova visita, na próxima terça-feira de manhã, dessa vez incluindo vistoria a todas as dependências do Silogeu, que preserva também móveis da época colonial, assim como peças de faiança, prataria e porcelana de valor histórico.
O Solar do Barão do Guajará tem uma das fachadas azulejadas mais antigas de Belém, revestida em azulejos portugueses decorados em azul e branco, a partir da técnica da estampilha, e guarda importantes vestígios do passado imperial do antigo Grão-Pará. Apesar de levar o nome do Barão, a herdeira do Solar era sua mulher, dona Maria Victoria Pereira de Chermont Rayol, Baronesa do Guajará, que o herdou de seu tio, Antônio Lacerda de Chermont, o Visconde do Arary, que por sua vez a recebeu por transferência de sua irmã, dona Inês Micaela de Larcerda Chermont. O prédio é de propriedade da Prefeitura de Belém e desde a década de 1940 foi cedido ao IHGP-PA, por tempo indeterminado, enquanto durar sua existência.
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